segunda-feira, 26 de julho de 2010

O professor que odeia o livro

É considerado habilidoso aquele soldado que carrega rapidamente sua arma e em fração de segundos tem o inimigo sob mira certeira. Também é muito apto o trabalhador fabril que ajusta uma peça na velocidade correta, então deslocada na sua direção por uma esteira na linha de montagem. Velocidade e destreza, nesses casos, são essenciais. Essa velocidade e essa destreza, uma vez no campo da leitura, talvez sejam exigidas no e-mail e no twitter. Todavia, valem pouco para os intelectuais que, enfim, se alimentam antes de tudo do livro.

O livro é o campo do intelectual. Não é o campo do estudante que, enfim, é transformado pelos professores, quando muito, no soldado, no trabalhador fabril e no leitor de twitter. O estudante é tirado, pelo professor, da estrada que poderia transformá-lo em um intelectual ou, ao menos, em uma pessoa capaz de autonomia de julgamento. Vítima de pequenos textos em forma de cópia Xerox, o professor tornou-se alguém que perpetua a cultura da pressa e do acúmulo, tornando seu aluno igual a ele próprio, antes um meio leitor que um leitor.

Esse professor é um inapto. Mas o pior é que ele é um produtor de inaptos. Há muito ele caiu no conto de uma das vias da modernidade, a que confundiu rapidez com objetividade. No campo de batalha, o soldado que arma seu fuzil rapidamente e de modo mais veloz ainda tem o inimigo sob mira, recebe o nome de um “atirador objetivo”. De modo menos dramático é o caso do “jogador objetivo”, que finaliza bem e reduz o jogo todo a algo muito chato caso não exista o gol. Essa noção de objetividade desliza erradamente para a atividade do leitor e, então, qualifica o que é o “leitor objetivo”. Este, desse modo, é o que “vai direto ao ponto” no texto e não sucumbe às diversas possibilidades interpretativas. O que deveria ser uma virtude do bom leitor, que é justamente a capacidade de sucumbir às diversas possibilidades interpretativas, indo e vindo no texto, parando para repensar e fazer conexões próprias, agora é o comportamento condenado.

Nessa cultura que a filósofa Olgária Matos chama de o “vamos direto ao ponto”, as palavras subjetivo e objetivo perdem sua melhor significação. Subjetivo não é mais próximo de reflexivo e, sim, de confuso e lerdo. Objetivo continua a ser quase sinônimo de verdadeiro, mas não pela sua qualidade de independência e, sim, pela sua simplicidade e rapidez. Essa confusão de conceitos que criou o leitor de nossos tempos, o leitor não intelectual, é comemorada então pela universidade que abriga o professor inapto.

Esse professor começou sua carreira sem perceber que iria se tornar o que se tornou. Ele não se matriculou em um curso para ser imbecil, é claro. Mas ele não foi suficientemente esperto para escapar da tarefa que ganhou nos primeiros dias de aula, talvez bem antes da universidade, tarefa esta que ele, depois, passou a repetir com seus alunos candidatos a aleijões mentais. Foi lhe dado, logo no início de sua vida escolar, antes a tarefa de resumir textos e colocar “as idéias principais” que a tarefa de compreender o texto e expandi-lo por meio da imaginação, criação e busca de erudição. Assim, de resumo em resumo, no afã da atividade de tornar tudo menor, mais rápido e curto, ele acabou encurtando, verdadeiramente, sua inteligência. Ficou curto mentalmente. Nada lê para criar. Tudo lê para fichar. Até seu mestrado e doutorado foi feito assim, por meio de “fichamentos”. Ele até chegou a ler um manual de metodologia científica que aconselhava o fichamento! Ele se tornou, assim, uma pessoa limitada se sem a menor idéia do que é ser um leitor. Ganhou um “Dr” na frente do nome, que o legitimou nessa atividade que ele acredita que se encaixa na universidade perfeitamente. Exibe esse seu hábito de pegar atalhos, que o torna um símio, e é assim que se comporta: exibe seu método de “fichamento”, resumo, e leitura do crime do Xerox como o macaco exibe o pênis quando vê a fêmea humana.

Paro por aqui, pois já ultrapassei o tanto de linhas que os alunos desse professor conseguem ler. Eu disse os alunos, ele mesmo, o dito professor, parou bem antes, no segundo parágrafo. Esse tipo de professor se tornou um ejaculador precoce. Ele não leva adiante nada que ultrapasse uma lauda, e mesmo assim, às vezes não termina nem mesmo uma lauda uma vez que, precisando de dicionário, não o apanha na estante e tem preguiça de consultar o da Internet, aberta na frente dele.

© 2010 Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo, escritor e professor da UFRRJ.
17/07/2010

terça-feira, 29 de junho de 2010

domingo, 27 de junho de 2010

É VIAVEL DESENVOLVER PROJETOS COM ALUNOS USANDO O LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA?

E viável sim, porque é uma atividade prazerosa para a maioria dos alunos. Eles têm verdadeira adoração por tecnologia, e, naturalmente, projetos que envolvam o seu uso tem a conivência deles, o que é um grande passo no sucesso da atividade.
Os pontos positivos são o prazer da atividade, a grande disponibilidade de dados na internet, a facilidade de produzir texto e de apresentar resultados. De negativo podemos destacar o fato de os alunos não terem muita disposição para a leitura e para o aprofundamento. Muita vezes preferem usar o cortar e colar sem muito critério.
Há, pois, necessidade de orientá-los na pesquisa e incentivá-los à leitura e a elaboração do projeto que tenha a cara deles, e não a cara de outros que fizeram os textos. Eles são os autores e é assim que têm que ser reconhecidos.




Exemplo de um projeto para incentivar o uso do laboratório de informática

Tema: Construção de um blog sobre o Dia da Independência

Justificativa: O dia da Independência do Brasil é uma data importante para nós brasileiros, porque durante 300 anos fomos colônia de Portugal. Nosso povo não tinha identidade, era um mero instrumento do enriquecimento da metrópole portuguesa. Tudo o que acontecia no Brasil, só acontecia se Portugal assim o quisesse, se fosse de seu interesse. Apesar de nossa independência ter sido uma construção das elites em benefício delas mesmas, nós o povo brasileiro devemos nos apropriar dessa data e comemorá-la.




Público alvo: alunos do segundo ano do ensino médio

Objetivo: Criar um instrumento que possa ser alvo de comentários por outros estudantes de outras escolas do país e também de Portugal, a respeito de nossa independência. O blog tem essa facilidade de comunicação pois podemos divulgá-lo usando a própria internet. O blog tem, então, o objetivo de divulgar nossas opiniões, nossas cores, nossas festas e, sobretudo, buscar nossa cidadania, que ainda não é totalmente reconhecida pelos nossos governantes.

Metodologia: Pesquisar em blogs que tratem desse assunto. Seguir o passo a passo para a criação do blog. Irmos juntos construindo o blog, cada um dando a sua opinião sobre o conteúdo do mesmo. Pesquisar temas ligados à Independência do Brasil ouvindo opiniões de professores, juristas e políticos a esse respeito. Construir os blogs, publicá-los e divulgá-los, entrando em contato com estudantes de outras escolas para que possam comentar sobre o assunto em questão. Depois de um prazo determinado, de intensa discussão partir então para o fechamento do projeto, com um seminário onde todos possam participar, podendo haver convidados, pessoas que disponham de conhecimentos teóricos sobre o assunto, para aprofundar o tema.

Avaliação: a avaliação se dará durante o processo através do acompanhamento da discussão que será feita e no seminário, onde todos os envolvidos deverão participar, opinar e dar a sua conclusão sobre a Independência do país.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Introdução à Modernidade

Modernizar significa melhorar a eficiência do sistema tributário, educacional, de saúde, de transportes, de alimentação, etc. Modernizar e melhorar a eficiência da administração pública, das instituições políticas, dos partidos, etc.

Modernidade é uma experiência de vida contida em limites cronológicos, isto é, dentro de um período histórico determinado. Data do século XII ou XIII para cá. A modernidade é marcada pelo fascínio do desenvolvimento tecnológico.

A modernidade, contudo é extremamente paradoxal: ela une e desune os homens. Aproxima-os através dos modernos meios de comunicação e transportes, mas ao mesmo tempo os afasta porque os homens modernos são diferentes. Para Nietzche o homem moderno é medíocre, ele não cria nada de novo, não se reconhece naquilo que faz e está cada vez mais solitário, apesar de viver em aglomerados físicos. Foucaut diz que a modernidade é uma prisão onde não há qualquer possibilidade de liberdade e que a história não progressiva nem salvadora, nunca vamos alcançar a perfeição, pior que isto, para ele não há salvação, não há nenhuma perspectiva de liberdade progressiva. Somos constantemente vigiados pelas leis, pelas autoridades, e hoje por câmeras. O Iluminismo tanto produz a liberdade como a prisão perfeita.

Movimentos que trouxeram a modernidade

Renascimento: O homem toma conhecimento de que é um histórico, por isso o homem do renascimento é dinâmico e tem infinitas possibilidades de definir seu destino, enquanto que o ideal homem medieval é preparar uma boa morte.

Universalização: O mundo vai ficando menor por causa das grandes navegações.

Reforma protestante: A Igreja Católica perde seu universalismo e seu poder. Surgem novas denominações cristãs com outra ética como o luteranismo e o calvinismo que se aproximam mais da economia capitalista ao contrario do catolicismo que era contra o lucro.

Renascimento e iluminismo: Ambas são ideologias burguesas, está em germe no renascimento e universaliza-se no iluminismo, completando-se com a Revolução Francesa.

Iluminismo:
O Iluminismo, na economia, ajudou a criar uma mentalidade favorável ao comércio, ao ganho e ao trabalho, que sob muitos aspectos contribuiu para reforçar a ética econômica gerada pela reforma protestante, principalmente o calvinismo.

Na política, ajudou a eliminar a anarquia feudal e os privilégios corporativos da nobreza, racionalizando o Estado, a justiça, as leis, o sistema fiscal e a administração burocrática.

Na cultura deu um grande impulso com a crítica à religião e seus fanatismos e superstição, abrindo espaço para um mundo mais humano, regido pela razão. Para os iluministas a natureza humana é mesma em todos os homens, por isso cada um deve estimar os outros como seres que são naturalmente iguais, isto é, homens como ele.